Sabendo nós que o tempo impõe os seus limites, João Alberto Faria deixou alguns sonhos por concretizar. Alguns estavam perto da realidade, outros eram ideias à espera de um longo trabalho até se transformarem em projectos.Uma das ideias de longo prazo concretiza-se hoje: a apresentação da Fundação que traz consigo o seu nome. No seu pensamento, seria uma instituição que abarcasse duas componentes: a humanitária e a cultural, pois cria que ajudar engrandece o Homem e que a cultura é a força motriz do funcionamento da sociedade, factor de vitalidade, de diálogo e coesão.
Pensámos apresentar esta Fundação com a edição de um álbum de arte acompanhado por exposição que lhe servisse de tema.
Queríamos que este momento evocasse as ideias de João Alberto Faria, na vocação de Homem de letras, nos valores de vida e no profundo amor por Arruda. Deixem-me citar uma frase sua, escrita em Junho de 2001: “ Neste ano, o fim corresponde ao início da concretização de um sonho que sempre tive: Dotar a minha terra de uma escola modelo, de uma escola digna da sua juventude. E ela ai está a recortar a paisagem da nossa Arruda, a provar que sonhar é legítimo, quando se sonha com o coração.”
Sentimos que José Maria Franco era o intérprete desta sensibilidade.
Desde o primeiro dia que entendeu o projecto desta Escola e a matriz pedagógica pensada pelo seu fundador.
A sua dedicação pessoal ao Externato e a Arruda levam estas aguarelas a atingir a intensidade com que sempre sonhámos. A pintura de José Maria Franco recupera a quietude dos recantos, a serenidade do silêncio abraçada aos lugares que surpreendem pela memória e pela intensidade de luz e cor.
Gostaríamos de agradecer à Academia Nacional de Belas Artes e à Academia de Artes e Letras o apoio dado a este projecto.
A Vítor Escudero por estar sempre e sinceramente disponível para nos ajudar.
Aos escritores Catarina Gaspar, Jorge Cunha, Orlando Ferreira, Paulo Câmara e Nelson Quintino, por terem participado neste livro com os seus poemas. A vossa participação neste projecto tem para nós grande valor, pela vossa condição natural de arrudenses ou de professores desta escola.
À Soartes, empresa de artes gráficas pelo trabalho de elevada qualidade na impressão e acabamento do livro que brevemente estará à vossa disposição.
À Pena Flamenca por se ter disponibilizado para participar neste momento tão especial;
Com o simbolismo adicional de serem de Huelva. Terra que viu nascer José Maria Franco, e terra que João Alberto Faria tanto apreciava durante as Colombinas;
A Daniel Gouveia por toda a colaboração no espectáculo que iremos assistir; como também a todos os artistas que irão actuar hoje hoje.
Ao professores Jorge Cunha, José Duarte e Orlando Ferreira por todo o empenho e sentimento que puseram na elaboração deste Livro.
Finalmente, agradecemos a Deus ter posto a família de José Maria Franco no nosso caminho. Toda ela nos faz sentir que a humildade, o humanismo e o amor ao próximo, são valores fundamentais da vida.
A Fundação João Alberto Faria é uma instituição privada, sem fins lucrativos. Tem por missão desenvolver acções humanitárias e actividades culturalmente intervenientes.
A vertente humanitária tem em vista, essencialmente, a criação de bolsas de estudo que serão atribuídas a jovens carenciados do Concelho de Arruda dos Vinhos, os quais tendo terminado o ensino secundário com sucesso, pretendam continuar os estudos numa universidade nacional.
Acreditamos, como já acreditava João Alberto Faria, que muitos jovens com valor abandonam os seus estudos por razões puramente económicas. Este será, mais um contributo para que estes jovens não deixem, também eles, de seguir os seus sonhos, afinal, a formação em geral, e a educação institucional em particular, é um dos principais alicerces de qualquer sociedade.
Deste modo, a dinamização de acções de cultura e de Educação é uma prioridade da Fundação João Alberto Faria a concretizar em exposições, publicações e concertos. Como vemos aqui hoje o exemplo.
De modo a valorizar a componente educativa do projecto a Fundação promoverá colóquios e conferências que promovam a discussão de assuntos ligados à Educação e à vivência social e comunitária, pois acreditamos serem espaços privilegiados para o debate de ideias.
Numa vertente mais antropológica ou de investigação, pretendemos recolher, classificar e incentivar a recuperação e preservação do património construído e simbólico do nosso concelho.
Não nos esqueçamos que é a relação que o ser humano estabelece com os outros seres humanos e a sua afinidade com o património natural e cultural que lhe permite criar os equilíbrios necessários à sua sobrevivência enquanto espécie e produzir novas significações, novas relações, enfim, novos equilíbrios.
Acreditamos que o progresso sustentado é um dos factores que nos caracteriza enquanto espécie, podemos, portanto, preservar a tradição promovendo a inovação.
Assim, um dos objectivos da Fundação é criar uma nova perspectiva dos lugares, lutar pela sua identidade e significação, fazer com que a força do pormenor, a simplicidade e a beleza natural desses locais, tão bem representada nas aguarelas de José Maria Franco, esteja sempre presente nos lugares de decisão e na alma dos arrudenses.
Isto, porque acreditamos que os valores comunitários, pelo seu inestimável valor público, devem ser preservados.
Para que tal seja possível, são definidos como eixos prioritários, uma política de gestão que permita à Fundação a sua auto-sustentação financeira, bem como a criação de contactos com instituições nacionais e internacionais, de modo a concretizar os seus projectos.
Este livro, que apresentamos hoje, é uma homenagem a esse homem sonhador, artífice de letras, palavras e obras, amante da sua terra, que por ela e pelas suas gentes nutria um sentimento profundo, pois também ele aqui nasceu e lançou raízes para o futuro hoje tornado presente.
Este livro simboliza o lançamento da primeira pedra da Fundação João Alberto Faria e constitui o compromisso de concretizar o seu desejo.
Como diz Fernando Pessoa: “…cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado n’uma outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e não eu.”
Continuemos, portanto, a sua obra…